sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sonho do Altanero

Altanero ajudante de pedreiro
Passava o dia inteiro trabalhando sem parar.
Fazia massa, subia o concreto, rebocava o teto vendo o Sol se mandar.

Toda noite parava no boteco, bebia até o resto, falava sem parar.

Ia pra casa, andando balançando,
deitava em qualquer canto, 
dormia sem jantar.

No outro dia, antes do Sol chegar já estava de pé
passando seu café, pronto pra trabalhar.

Altanero, não incomoda ninguém e tudo que ele tem nem dá para somar:
um casal de sabiá; um lençol; um patoá; uma toalha de banho; um rádio no celular.

Mas, Altanero um dia se estressou pro ar tudo jogou e começou a reclamar.
Já no trabalho, brigava com o patrão, 
queria divisão do pão com todos que estavam lá.

Olhava sereno pros rostos das crianças, 
no cabelo fez-se tranças e soltou o sabiá.

Lá no boteco,
falava de política, do preço da marmita, mandinga e saravá.
E seus parceiros não entendiam: - Qual é? 
Defendendo a mulher que todos queriam zombar?

O Altanero, 
falava em Rebelião, Motim, Revolução
pra essa vida mudar!

Um triste dia,
de frio e muita chuva, corria o boato que os homens estavam lá.

Foi encontrado, triste e torturado, com os olhos esbugalhados, 
sem vontade de falar. 

Altanero,
sonhou com o mundo inteiro, livre do dinheiro, sem fome e sem patrão.
Passou desta, sem glória e sem festa.
Sabendo que só resta é a tal exploração.

Góes ...outubro de 2015





Um comentário:

  1. Altanero, entre tantos "Altaneros" que sonham e lutam pela igualdade...
    I have a dream!

    ResponderExcluir