terça-feira, 26 de maio de 2009

A UM POETA

Tu que dormes, espírito sereno,

Posto à sombra dos cedros seculares,

Como um levita à sombra dos altares,

Longe da luta e do fragor terreno.


Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno.

Afugentou as larvas tumulares...

Para surgir do seio desses mares

Um mundo novo espera só um aceno...


Escuta! É a grande voz das multidões!

São teus irmãos, que se erguem! São canções...

Mas de guerra... e são vozes de rebate!


Ergue-te, pois, soldado do Futuro,

E dos raios de luz do sonho puro,

Sonhador, faze espada de combate!


(Antero de Quental)