quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Procuro-me

Ei, ei

Onde estou?
Você me viu?
Você me conhece?

Eu me conheço

Mas não reconheço
Perdi-me, perdime, me perdi

Não sei onde fui

Não sei aonde vou
Só sei o que fiz

Ei, ei

Onde estou?
O que tenho?
Que faço da vida?

Já sei

Talvez mudei de vida

Meu estômago dói onde já não doía

Minha cabeça dói onde já não doía

Que passa comigo?

Oque falo da luta?
Será que era príncipe?
Será?
Será que virei sapo?
Será que sou bruxa

No espelho não mais me encontro

O rosto desfigurado
Transtornado, transformado
Já não dá a velha visão jovial

Talvez pereci no tártaro da antivida

Quem sabes esqueci os versos da ruptura
Preso em meu próprio coração angustiado
Incendiado pelo ardente rabo de cometa

Estou na chuva?

Estou ao Sol?
Estou na noite?
Estou ao dia?

Quem vir-me

Dê-me um abraço apertado
Sussurre ao meu ouvido
Hablas amor pra mim

Se encontrar

Digas,
Vai digas
que tenho saudades de ti

Saudade da cordialidade

Saudade da solidariedade
Saudade da sensibilidade

Saudade do pão e do café

do corpo mirradinho
mas firme e forçudo

Quem sabe hoje

Inchado na beira do rio
Carcomido pelos abutres

Morto em vida

Vagando sujo e maltrajado
Sem gosto pelo mundo
Codinome vagabundo
Caminhando de pés nus e pesados
Sob a eterna trilha de prego enferrujado

Odor de aguardente, miolos torturados

De ponta cabeça no abismo
Lacrimejando vidro moído
Estrela apagada
Retina ofuscada
Cerrados os cílios

O estômago dói onde já não doía

A cabeça dói
Aonde já não doía?

Diga a mim

Volte
Tem gente que me quer bem

Mesmo que não seja ela

Mesmo que não seja aquela
Mesmo que não sejas bela
Mas que seja alguém

Diga que estou solitário

Mesmo que não esteja solitário
Peça que volte
Tenho saudades de mim

Ass: Góes