sexta-feira, 3 de outubro de 2014

LETRAPRETA

Vou te dá preta. 
Vou cantar 
Preta. 
Sua música que é
Preta.
Vou gritar
Preta.
Vou lê, vou correr, vou comer.
Vou você, vou pusê, ou vou ser.
Vou querer
Preta.
Aquela flor
Preta.
Mas eu vou, vou te dar, vou sem treta.
Sua boca
Preta.
que é muita treta.
Que me chama
Preta.
Que é de luta
Preta.
Me faz chama
Preta.
Pela vida
Preta.
Vou te dá 
Preta.
Toda vida
Preta.
Pela tua 
Preta.
Poesia 
Preta.
Com todas as canetas.
Vou escrever...
Minha Letra Preta

terça-feira, 9 de setembro de 2014

primavera liberdade ...

A primavera chegou
e com ela todas as flores ...
Deixo pra trás a vida fria
e com ela os frios amores ...
Que sejam quente os frutos
Que seja fruto sem dor.

A primavera chegou
A primavera chegou.

Fica pra trás a covardia fria ...
e vem coragem caliente.
Que seja quente a rebeldia
no coração dessa gente.

A primavera chegou ...
vou aquecer com poesia o coração que gelou.
Vou estancar liberdade no coração que sangrou.
Vai esquentar a liberdade
A primavera chegou.

Vai pro inverno, para sempre ...
aquele amor que esfriou.
Eu vou amar liberdade no fogo do novo amor.

Que sejam quente as flores.
Flores de luta e de amor.

A primavera chegou
A primavera chegou.

Góes - Setembro de 2014












sexta-feira, 6 de junho de 2014

Cabeça, Preta.

A preta se olha no espelho
Ajeita o cabelo que é crespo
Cabelo da preta.
Se nota
Se queixa
Arruma o pano, o laço que é preto...
A Diva, heroína, guerreira.
Linhas, tecidos, cores, cabeça.
É tudo. É luta. É charme. É beleza.
São cores.
É Verde, É Amarelo, É Vermelho.
Turbantes da Preta.
Carrega a África em sua Cabeça.
que é, Preta ...

domingo, 11 de maio de 2014

Um brinde de luta às mães ...

Quero oferecer um brinde... de cor vermelha.
Um brinde sem dor, solidário, firme e forte.
Um brinde de luta para quem suporta os lutos.
Um brinde de amor, mas de amor puro. Que humaniza.
Um brinde para àquelas que ganharam seus recentes filhos.
Outro super brinde para às que perderam seus filhos para a animosidade
social.
Para  quem reza pelas perdas pretas na colônia, no império, na ditadura militar,
e também para quem vive perdendo para a democracia burguesa.
Proponho um brinde do tamanho da imensidão, bem doce, com sabor de chocolate.
Mas também com outros sabores, de jiló pra quem gosta.
Quero oferecer um brinde para todas as mães: jovens, senhoras, senhoritas.
Um super-hiper-brinde para as mães da classe trabalhadora, mãe do povo,
mãe da vida louca, mãe da alegria e da sabedoria.
São estas mães que merecem todos os nossos brindes, pois elas nunca exploraram
outra vidas.
Felicidades ...

terça-feira, 18 de março de 2014

Hoje me senti um crápula ...

Hoje me senti um crápula ao olhar nas manchetes e vê uma mulher arrastada até o óbito por um carro.
Hoje me senti um crápula quando vi que o carro era da política, braço armado do Estado.
Me senti assim, quando saí na rua, reparando nas pessoas, nas correrias, as crianças pedindo no farol.
Quando vi os carros de luxo, algumas pessoas com roupa de marca, as vidraças do banco e serenata da vida.
Parecia que não havia acontecido nada, me senti um crápula.
Quando não teci crítica, quando não gritei, não chorei, não denunciei. Dancei, comi, trabalhei, beijei e amei.
Me senti mais crápula ainda quando cheguei do trampo, abri a geladeira, peguei cerveja, sentei, corri a mão no controle remoto, assisti novela, vibrei com o jogo do meu time e fui dormi, não sem antes dizer que amei.
Me senti, hoje, hoje mesmo, um crápula, imbecil, idiota, anta quando ao subir no ônibus sorri para o cobrador e falei: bom dia. Uma voz  na consciência trouxe-me a imagem da moça arrastada. Preta, trabalhadora, oriunda da favela foi arrastada no asfalto, baleada. Pensei na dor. Fiz conexão com o ocorrido com o jovem em Guarulhos que disse antes de ir ao céu: Por que você atirou em mim? disse ao crápula.
Logo veio na mente a voz de alguma autoridade pedindo, exigindo justiça, agora sim, me senti mais crápula ainda.
Não posso me senti como a família do Amarildo, do jovem de Guarulhos, da mulher arrastada, baleada. Nem como muitos outros e outras deste país a fora. País que da colônia á República continua torturando, matando e espancando a população que o enriqueceu.

domingo, 2 de março de 2014

Crônica de um enredo anunciado... "12 anos de escravidão"

Na contramão do feriadão resolvi ver um filme no cinema, filme aliás que já havia assistido pela internet. Como tudo me faz reclamar, já pensei na distância: por que todos os filmes que se propõem a crítica social são exibidos apenas pro lado da avenida Paulista? Será que é porque a maioria daqueles que se beneficiam das mazelas da sociedade gostam?
No cinema reparei nas pessoas que estavam na fila. A maioria eram brancos: tinha uma mulher negra com sua namorada branca; um homem negro com sua namorada branca; uma moça negra com sua amiga branca; um homem preto (eu) comendo pipoca branca; ah... lá no final apareceu um jovem negro com o fone de ouvido branco. 
Por que os brancos gostam de filmes de negros? será que é como os boys da academia e dos partidos gostam de Marx? como romance ou como fonte de retórica?
Será que os negros estão vendo Robocop? Não. Na fila do Robocop não tem nenhum negro. 
Rola o filme, o silêncio toma conta do auditório. Entre uma chibatada e outra, sai um "Ai", ou então: "Nossa". As cenas são pesadíssimas, mas nenhuma novidade até então para quem vive no último País a abolir oficialmente a escravidão. 
Termina o filme, o povo parece até chocados presos às poltronas.
Saio de pressa antes que alguém puxe papo. No caminho noto as expressões:
As mulheres com os olhos vermelhos, parecem que choraram em alguma cena. Os homens pareciam consternados. Ouvi uma mulher dizer assim: "Tive tontura", também, quantas chicotadas nas costas.
Eu estou com dor de cabeça até agora. 
No retorno avistei algumas pessoas que dormiam na calçada da Frei Caneca, umas pessoas atravessaram a rua rapidinho, pensei "será que estas viram ao filme?". 
Eu continuei e vi que eram negros. Ah, no shopping também tinha segurança negro .
Será que é por isso que os negros não estavam na fila? sei lá, não tenho resposta.
Só sei que vou dormi com a sensação de que a escravidão ainda não acabou, e mesmo que não dure meu sono, sei que levará muito mais de 12 anos para acabar. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Qual segredo?

Arregalados
Expressivos
Ambiciosos
Que brilha como a luz
Que ofusca com a mesma luz
Brilha com o novo amor
Brilha lágrima de alegria
Brilha lágrima de tristeza
Várias cores:
colorido, castanho, claro, escuro, verde, azul, mel, jabuticaba, bem preto, avermelhado.
Cansado
Esbugalhado
Atônito
Pasmo
Triste
Fundos
Embotados
Sedutores
frente a frente, alinhados.
Bem aberto, bem redondo, quase fechado.
Grande, grandão, pequeno, puxados.
Os que expressam frios, outros calor.
Calientes
Irritados
Molhados em lágrimas, suor.
Aberto dormindo, acordado fechado.
Iludidos, apaixonados, desiludidos
Coitados, famintos.
Presos, amargurados
Doces, adocicados.
Rebeldes, otimistas, libertados.
Diferenciados.
Que escondem e revelam.
Qual segredo dos seus olhos?
 
 



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

É São Paulo ...

Esta terra muito rica, muito linda, cheia de flor
É a terra da garoa, da Paulista e do amor
Essa terra que produz, reproduz a economia
Que tem parque, tem a Luz, tem a Sé
e alegria.

Essa é nossa São Paulo que abala coração
Construída por um povo, orgulho desta nação?

É a terra da oportunidade onde vagam nossos filhos
que nas noites dormem sujos, com fome e sem destino.

É a nossa São Paulo que abala coração
Construídas com o sangue negro em nome da exploração.

Esta terra desigual, de Sem Teto e Sem Terra
Para os ricos tem de tudo
Para os pobres a favela.

Onde preto é humilhado com direito à chacina
É quase legalizado os estupros nas meninas.

É São Paulo da garoa, da hipocrisia, da maldade
Nunca enSerra, nunKassab, a maldHadad contra o povo
Que a cada quatro anos vem enganação de novo.

É esta a terra que têm palmeiras onde canta o sabiá?
As balas que a rota dispara é pra que? pra matar?

É São Paulo da garoa que massacra coração?
460 anos de genocídio, opressão e exploração ...