Na contramão do feriadão resolvi ver um filme no cinema, filme aliás que já havia assistido pela internet. Como tudo me faz reclamar, já pensei na distância: por que todos os filmes que se propõem a crítica social são exibidos apenas pro lado da avenida Paulista? Será que é porque a maioria daqueles que se beneficiam das mazelas da sociedade gostam?
No cinema reparei nas pessoas que estavam na fila. A maioria eram brancos: tinha uma mulher negra com sua namorada branca; um homem negro com sua namorada branca; uma moça negra com sua amiga branca; um homem preto (eu) comendo pipoca branca; ah... lá no final apareceu um jovem negro com o fone de ouvido branco.
Por que os brancos gostam de filmes de negros? será que é como os boys da academia e dos partidos gostam de Marx? como romance ou como fonte de retórica?
Será que os negros estão vendo Robocop? Não. Na fila do Robocop não tem nenhum negro.
Rola o filme, o silêncio toma conta do auditório. Entre uma chibatada e outra, sai um "Ai", ou então: "Nossa". As cenas são pesadíssimas, mas nenhuma novidade até então para quem vive no último País a abolir oficialmente a escravidão.
Termina o filme, o povo parece até chocados presos às poltronas.
Saio de pressa antes que alguém puxe papo. No caminho noto as expressões:
As mulheres com os olhos vermelhos, parecem que choraram em alguma cena. Os homens pareciam consternados. Ouvi uma mulher dizer assim: "Tive tontura", também, quantas chicotadas nas costas.
Eu estou com dor de cabeça até agora.
No retorno avistei algumas pessoas que dormiam na calçada da Frei Caneca, umas pessoas atravessaram a rua rapidinho, pensei "será que estas viram ao filme?".
Eu continuei e vi que eram negros. Ah, no shopping também tinha segurança negro .
Será que é por isso que os negros não estavam na fila? sei lá, não tenho resposta.
Só sei que vou dormi com a sensação de que a escravidão ainda não acabou, e mesmo que não dure meu sono, sei que levará muito mais de 12 anos para acabar.
Reflexões profundas.
ResponderExcluirReflexões profundas.
ResponderExcluirAs vezes penso que a escravidão nunca irá acabar...
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